PlenariaNacional da CUT:
Com debates sobre paridade, renovação sindical e combate ao racismo, Central dá
início a encontro
Encontro em Guarulhos prossegue até sexta-feira
(1º)
Os coletivos que compõem a estrutura da CUT reuniram-se nesta
segunda-feira (28), primeiro dia da 14ª Plenária Nacional, para afinar as
estratégias de luta em defesa dos pontos que consideram estratégicos.
Logo no início da manhã, o que deveria ser uma reunião reduzida do coletivo das
trabalhadoras, tornou-se um grande encontro com mais de uma centena de
cutistas. Exemplo da capacidade de mobilização e de participação. A expectativa
é que ao menos 43% das pessoas que participam da Plenária sejam do sexo
feminino.
De acordo com a secretária nacional de Mulheres da CUT, Rosane Silva, o
objetivo principal das delegadas neste encontro é potencializar a luta por
paridade, aprovada no 11º Congresso da Central, em 2012.
“O momento é de articular e mostrar ao conjunto de dirigentes que as mulheres
têm protagonismo, acúmulo político e programático, e estão preparadas para
ocupar os espaços de poder”, afirmou
Calendário de lutas – O encontro
também discutiu as ações de 2015, um ano de intensa mobilização para as
trabalhadoras. No mês em que comemoram o Dia Internacional da Mulher, as
cutistas também promovem entre os dias 13 e 15 de março um encontro nacional
com duas mil militantes para discutir a implementação da paridade nas direções
nacional e estaduais da CUT.
Nos meses seguintes acontecem duas marchas: no dia 13 de maio, a Marcha das
Mulheres Negras contra o Racismo, Violência e pelo Bem Viver, e em agosto,
ainda sem data definida, a Marcha das Margaridas.
Coordenadora da ação contra a discriminação racial que terá a Central como uma
das parceiras, Kika Silva, destacou a importância da manifestação para avançar
sobre o racismo institucionalizado no país.
“A partir de 2003, tivemos avanços como a criação das políticas de cotas, mas
as mulheres que têm acesso ao ensino universitário, à qualificação, quando
chega ao marcado de trabalho, ouvem que não se enquadram no perfil da empresa
porque conta da sua cor e do gênero. É a forma que o capitalismo encontrou para
substituir a antiga exigência pela chamada ‘boa aparência”, definiu.
DIFICULDADE NAS RENOVAÇÕES
Dificuldade em renovar as direções das entidades sindicais e, consequentemente,
em ocupar os espaços da CUT. Esta foi a conjuntura exposta pelos dirigentes que
participaram da Plenária Nacional da Juventude cutista.A CUT considera
como parte da juventude trabalhadora todos aqueles e aquelas
com idade até 35 anos. Por este recorte, a
juventude representa 11% do total de dirigentes da Central, segundo
informações de 2014.
Considerando a Executiva Nacional da CUT, a participação recua ainda mais, para
apenas 8%. Sobre os dirigentes das CUTs Estaduais, os jovens representam 11,2%.
Estes dados constam na 3ª edição da revista da Juventude da CUT cuja temática é
“as negociações sindicais no campo e na cidade”. A publicação será lançada na
noite desta terça-feira (29).
Dividida em quatro partes, apresenta uma pesquisa do Dieese
(Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos)
sobre o perfil dos/as dirigentes da CUT e a opinião sobre a juventude da
Central e traça o diagnóstico sobre a negociação coletiva e a regulação do
trabalho juvenil. Alfredo Santos Jr., secretário nacional de Juventude da
CUT, ressalta que são poucas as negociações coletivas que possuem cláusulas
relacionadas à juventude e, mesmo assim, não apresentam nada distinto da
legislação vigente.
A partir deste cenário, a publicação da Secretaria Nacional de Juventude da CUT
propõe cláusulas para a negociação coletiva no tema de juventude, como a
aplicação da Convenção 140 da OIT (licença remunerada para estudos) e a
determinação de pagamento de salário igual para trabalho igual, independente da
idade.
Propostas para ampliar a participação dos
jovens – Na última reunião do Coletivo Nacional de Juventude, realizada no
primeiro semestre deste ano, aprovou-se duas emendas encaminhadas pela
Secretária de Juventude da CUT à Plenária Nacional.
As emendas aditivas que propõem mudanças no parágrafo 40 do Estatuto da
CUT versam sobre o estabelecimento de um limite para que cada dirigente da
CUT Nacional e das Estaduais da CUT possa exercer, no máximo, dois mandatos na
mesma Secretaria e a idade máxima de 35 anos no ato da posse para o dirigente
que assumir a secretaria de juventude da CUT Nacional e das Estaduais.
“Ampliamos nossa atuação em espaços externos, como por exemplo, no Conjuve
(Conselho Nacional de Juventude), mas ainda temos dificuldade em estabelecer o
debate para dentro da CUT”, analisou Alfredo.
As emendas vão a voto na tarde desta quarta-feira (30).
FORTALECER AS AÇÕES AFIRMATIVAS
Durante reunião do Coletivo de Combate ao Racismo da CUT nesta
segunda-feira (28), representantes de entidades cutistas de todo o Brasil
decidiram focar as ações do movimento no aprofundamento das políticas de
combate à discriminação. A decisão é baseada no resultado da pesquisa elaborada
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese) que aponta dificuldade na implementação de políticas de igualdade
racial mesmo com a presença de 64,2% de negros e pardos na direção nacional da
Central, e 65,8% de negros na direção das Estaduais. A íntegra da avaliação
será divulgada nesta terça-feira (29).
Segundo a Secretária de Combate ao Racismo da CUT, Maria Júlia Nogueira,
o principal passo para a mudança seria o maior envolvimento de dirigentes e
sindicalistas. “Nesse contexto, incluímos a ‘Campanha Permanente de Combate ao
Racismo’, que consideramos fundamental para empoderar os dirigentes e
extrapolar a abrangência do movimento sindical quando o assunto é combater o
racismo”. O lançamento acontecerá nesta terça (29) para estados e ramos da CUT.
Para a Secretária de Promoção da Igualdade Racial da Contracs e
representante das domésticas em Campinas, Regina Teodoro, o mundo sindical é
reflexo da sociedade. “A essência da sociedade, com seus preconceitos, suas
dificuldades e sua força, está, claro, também no movimento sindical”. A Contracs
também elabora em 2014 um diagnóstico das ações efetivas de combate ao racismo
praticadas por suas filiadas.
Também ficou aprovado que haverá um recorte racial da Plataforma da
Classe Trabalhadora da CUT que será enviada para o Instituto Sindical Interamericano
pela Igualdade Racial (Inspir), para que sirva de fonte para ações de combate
ao racismo.
* Reprodução e divulgação no site realizada pela Diretoria de Comunicação e Imprensa do Sintracomec-Am, que tem como diretor responsável, Flávio Braga.